Eu parei e pensei o quanto me esforcei e me dediquei a provar pra cada pessoa que eu era quem eu dizia que era, ou em ser quem elas queriam que eu fosse, e dentro de cada um desses ficou um pouco da minha identidade. Sim. Mas um pouco, eu não sou todo eu pra todos, ser você mesmo sempre com tudo e com todos geraria um certo desconforto de alguma parte. Nossa relação harmoniosa com cada indivíduo nos força a dosar nossa personalidade com cada um segundo o nosso e o seu interesse.
Ouvi alguém dizer que devemos dançar conforme a música toca, que isso não se confunda com falsidade. Sua personalidade e o seu caráter devem permanecer intactos.
Sua identidade é uma só. No jogo das relações o que se faz é omitir o que pode ser considerado de pior em você pra não causar o tipo de atrito que não edifica a relação.
Na minha visão, a relação “perfeita” é como a música perfeita, em primeiro lugar ela é individual. Você que está lendo isso é o sujeito que só pode controlar a sua parte da relação. Você pode até prever e induzir o sentimento daquele que se relaciona com você, mas não pode de fato saber o que ele pensa sobre você. Até porque o que achamos que os outros pensam de nós está direta ou indiretamente ligado ao que nós achamos e sabemos de nós mesmos(E isso explica porque muitas vezes entendemos mal as pessoas).
Em segundo lugar ela tem seu tempo certo. Suas pausas acontecem na hora certa. Sua freqüência tem o ritmo certo. E ela se adapta sincronicamente a sua vida ou situação temporária.
E por último, como a música perfeita, ela é ao seu gosto. Você a escolheu. Você permitiu que ela fizesse parte da sua vida. Você sabe a hora certa em que ela deve executada. E quando deve parar. A música perfeita de compreende. Ela diz o que você precisa escutar, ela fala daquilo que você está passando. É como se ela nos entendesse.
Pra que duas pessoas se relacionem elas com certeza tem algo em comum ainda que a diferença seja a tal semelhança como diz o Humberto.
Relações são trocas. Eu escolho o que eu ofereço, mas não tenho controle sobre o que o outro vai receber, como ele escolhe o que me oferece e não tem controle sobre o que eu vou receber. É onde costuma – se aparecer os problemas.
Quanto mais me relaciono mais descubro o quão versátil eu posso e devo ser, como posso transferir o que quero pra quem quero de formas diferentes. Como é necessário que haja uma flexibilidade da minha parte pra que não me entendam mal e eu evite atritos(vez ou outra eles são saudáveis).
Eu não preciso SER “essa metamorfose ambulante”, eu não preciso mudar sempre quem eu sou, as vezes só preciso mudar o ESTAR. As coisas mudam, mas as pessoas são essencialmente iguais. Assim, eu penso que as coisas também não mudam tanto quanto achamos, mas nós temos a necessidade de vê – las de forma diferente afim de mudar o sua forma pra torna – las aceitáveis pra nós mesmos.
É durante esse processo de trocas e novas formas de ver que mudamos. Mas não é forçado, é natural. E não se chama “desvio de personalidade”. Chama – se “Maturidade”.
Acontece ás vezes de alguém que não sabe do seu amadurecimento olhar pra você como se ainda fosse o mesmo de antes. Como você amadureceu e esse alguém não acompanhou esse processo, ele vai te julgar como se você estivesse passado por outra pessoa. E nessa confusão você pode até ser rotulado como falso. Pra não dar respaldo, o melhor é ter paciência, compreender e tentar explicar. Afinal, compreensão e paciência faz parte do amadurecimento.
___)(___)(___
Pedaços de Mim(Mozart)
Que os pedaços de mim, que trago no medo do tempo, não escureçam o meu viver e nem ceguem o que sei.
Peço à vida que não me negue a condição de aprender e tão pouco me deixe morrer a vontade de errar.
Que os pedaços de mim possam unir na alegria da noite abrigando a inquietude de cada gesto refletida à luz de todo dia.
Que vivam os momentos! Se não, aquele que sei contido em toda palavra
trocada no peito abraçado.
Que os pedaços de mim busquem a todo instante cada parte de você, seja entregue no querer ou simplesmente descoberta em cada desejar.
Indolente na presunção de ser me perco e, mesmo assim, mergulho no orgulho e me nego nas verdades encontradas por onde passei.
Que os pedaços de mim tragam, a seu tempo, toda a carícia do espírito poeta, eternizado a cada letra desenhada no coração apaixonado.
Que todo passo construído oriente, em si, o caminho desse horizonte sem fim e, no fim de tudo, possa recomeçar.
Que os pedaços de mim, espalhados na terra, floresçam com simplicidade na sabedoria de crescer.
Que eu, mesmo desencontrado no alvorecer de minhas causas, deixe por legado os frutos colhidos no contexto das palavras forjadas na emoção.
Que os pedaços de mim, reunidos no que acredito, encontrem, na paz de teu abraço, a luz dos meus sonhos mais saudosos.
E, assim, não mais dividido, viver a vida sem que pedaço algum seja mais de mim ou de você, mas um em cada pedaço de nós.